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Dicas de Leitura

A cidade do sol. Este livro fala sobre a vida das mulheres no Afeganistão. A história fala sobre Mariam e Laila, que acabam sendo mulheres do mesmo homem. As duas personagens se unem para superar o medo e a intolerância. O autor retrata a violência e as injustiças da sociedade afegã(não apenas com as mulheres). Uma frase que marca o livro, é uma frase que o pai de Laila sempre diz a ela : Você pode ser tudo o que você quiser! Eu achei fantástico...fez -me pensar na vida e em como temos liberdade em nosso país. Óbvio que os personagens são fictícios, mas a história foi criada baseada no conhecimento do escritor Khaled Hosseini, que é afegão.

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Parole é um blog que falará exclusivamente de Literatura, do prazer de uma boa leitura e trará algumas estratégias para professores.
domingo, 23 de março de 2014
TENTAÇÃO Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva. Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos. Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo. Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro. A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam. Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo. Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos. Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos. No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam. Mas ambos eram comprometidos. Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada. A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina. Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás __________________ Conto extraído de LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. Após ler o texto, responda: 1 Quem são as personagens principais? O que elas têm em comum? 2. O que a menina fazia sentada na porta de casa, às duas horas da tarde? 3. Onde se passa a história? Retire do texto uma frase que apresenta uma característica marcante do cenário. 4.De acordo com o texto, como a menina se sentia em relação a outras pessoas? Retire do texto uma frase para justificar sua resposta. 5. “Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.” O que a menina suportava? Indique a alternativa que melhor responde a questão: (a) a pessoa que esperava o bonde (b) a bolsa velha (c) o calor e a solidão (d) sua mãe 6. “O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida.” Do que a bolsa a salvava? (a) do calor excessivo (b) da solidão, já que a bolsa era sua companhia (c) das brigas com a mãe (d) do homem que esperava o bonde 7) No texto, quem é o narrador? ( a ) a mãe (c) alguém que não presente na história (b ) alguém presente na história, mas sem participar muito (d) a menina ruiva 8) Retire do texto um trecho em que se percebe a presença do narrador como personagem. 9) O que o narrador fazia naquele lugar ? 10)Pode-se dizer que o narrador se identifica com a menina? Por quê? 11) O cão basset provoca uma mudança na cena inicial. Qual a reação da menina e do cão quando se veem ? 12) “Mas ambos eram comprometidos.” Segundo o texto, com o que eles eram comprometidos ? O que isso pode significar? 13) Por que o cachorro não olhou para trás? 14) Considerando a reação da menina e do cão quando se encontram e a resposta à questão 12, o que o título TENTAÇÃO pode indicar? 15) Qual é o tema central do texto? Questões para debater: No texto, a menina se sente diferente dos outros, o que intensifica a solidão dela. Ser diferente dos demais gera solidão? Você já se sentiu excluído ou sozinho por ser diferente dos outros? Qual é sua opinião sobre isso? RESPOSTAS: 1. A menina e o basset. Ambos são ruivos. 2. Resposta pessoal - Ela olhava o movimento...tomava sol... esperava passar o soluço etc. 3. No bairro Grajaú, Rio de Janeiro. “ Na rua vazia as pedras vibravam de calor” 4. Se sentia diferente, discriminada, provavelmente porque era ruiva. “Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária.” 5. Resposta C 6. Resposta B 7. Resposta B 8. “Olhamo-nos sem palavras...” 9. Provavelmente espera o bonde. Em certo trecho ele diz ele diz “Na rua deserta nenhum sinal de bonde.” 10. Sim. Resposta pessoal. Talvez o narrador se sentisse assim porque o calor era insuportável e o bonde não vinha logo; vendo a menina ruiva “numa terra de morenos”, sozinha, sem nada de interessante para fazer, naquele calor insuportável. 11. Resposta pessoal. Sugestão: Se identificaram um com o outro: ambos eram ruivos e solitários, poderia nascer daí uma grande amizade. 12. Ela estava comprometida com sua infância e o cão, com sua natureza aprisionada. Isso significa que eles não podem ficar juntos, pois têm naturezas diferentes, não podem fazer companhia um ao outro. 13. Ele deveria seguir sua dona, não tinha outra escolha. 14. Pode se referir ao impulso de ficarem juntos ( a menina ruiva e o basset ruivo), uma tentação de se pertencerem. 15. O tema central é a solidão. Consulte : http://textoemmovimento.blogspot.com.br/2013/08/interpretacao-78-ano-tentacao-clarice.html
quarta-feira, 5 de março de 2014
Assim como o mar guarda nas suas profundezas valiosas pérolas, Guardo nas profundezas do meu coração, o brilho dos seus olhos que só se apagará com o beijo frio da morte.
Estas são algumas frases do livro de Kalil Gibran, vale a pena ler o livro todo!!! Vá aos campos e aos jardins: você aprenderá que o prazer da abelha consiste em beber o néctar da flores. Mas ceder seu néctar à abelha também é um prazer da flor.Porque para a abelha, uma flor é fonte de vida e para a flor, uma abelha é uma mensageira de amor. Para ambas, dar e receber prazer se transformam em uma necessidade em êxtase. Descubra, então, na busca da felicidade, o mesmo prazer compartilhado entre a abelha e a flor
segunda-feira, 3 de março de 2014
Os dias de descanso estão rendendo bons frutos...além de estar descansando, vendo a família, colocando o "papo" em dia, ainda está dando tempo para ler e ficar aqui curtindo o blog...meus dias estão com 48 horas! Mas como diria Domenico de Masi em seu livro O ócio criativo, é quando estamos mais livres, com a cabeça descansada, então temos mais ideias e somos mais criativos! Mas vim falar do livro que acabo de ler, sempre gosto de ler dois livros ao mesmo tempo, mas com assuntos diferentes, assim não fica maçante, cansativo e o cérebro absorve melhor. Esta semana terminei de ler A terra pura, que já postei aqui...e agora terminei Campo de batalha da mente de Joyce Meyer, aqui ela mostra de modo dinâmico, como transformar nossas vidas apenas mudando nossa mente...em como lidarmos com os pensamentos que temos todos os dias e como focar nossa mente em pensar como Deus pensa, também compartilha suas lutas, tragédias... O livro me ajudou bastante, pois estou num período de mudança, de cidade, o marido doente...mas enfim, creio que possa ajudar a você também!! Um abraço e boa leitura!
Este Simulado pode ser usado no 1º Bimestre do 1º ano do EM.

 Literatura – 1º EM

  1. Com base no conceito de literatura como arte poética e ficcional, alguns textos são literários, outros, não.Observe as declarações que se fazem sobre eles.

I.                     A linguagem utilizada pelos autores de textos não literários é a denotativa.
II.                   A função principal dos textos não literários é informar, esclarecer, convencer.
III.                  O texto literário tem uma função estética, enquanto o não literário tem função literária.
IV.                A função principal dos textos literários é comover, despertar sentimentos, provocar a reflexão.
V.                  O autor, no texto literário, procura recriar a realidade, utilizando, principalmente, a linguagem conotativa.

Assinale a alternativa mais adequada a respeito das declarações anteriores.

a) São todas falsas.
b) São todas verdadeiras.
c) São verdadeiras apenas a II e a IV.
d) São falsas a I e a II.
e) São falsas a IV e a V.

2.(Enem -  MEC)

Texto I

Principiei a leitura de má vontade.e logo emperrei na história de um menino vadio que, dirigindo-se à escola, se retardava a conversar com os passarinhos e recebia deles opiniões sisudas e bons conselhos.Em seguida vinham outros irracionais, igualmente bem-intencionados e bem falantes.Havia a moscazinha, que morava na parede de uma chaminé e voava à toa, desobedecendo às ordens maternas: tanto voou que, afinal, caiu no fogo.esses contos me intrigaram com o (livro) Barão de Macaúbas.Infelizmente um doutor, utilizando bichinhos, impunha-nos a linguagem dos doutores. – Queres tu brincar comigo?
O passarinho, no galho, usava adjetivos colhidos no dicionário.a figura do barão manchava o frontispício do livro, e a gente percebia que era dele o pedantismo atribuído à mosca e ao passarinho.Ridículo um indivíduo hirsuto e grave, doutor e barão, pipilar conselhos, zumbir admoestações.
                                     Adaptado de :Ramos, Graciliano, Infância.

Texto II

Dado que a literatura ensina na medida em que atua com toda a sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta.E a sociedade não pode senão escolher o que em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais curiosos paradoxos, pois, mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço, trazem frequentemente o que as convenções desejariam banir.Aliás, essa espécie de inevitável contrabando é um dos meios por que o jovem em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe.
                               Adaptado de: Candido, Antônio. A literatura e a formação do homem.

Os dois textos, com enfoque diferentes, abordam um mesmo problema, que se refere, simultaneamente, ao campo literário e ao social.Considerando-se a relação entre os dois textos, verifica-se que eles têm em comum o fato de que:

a) Tratam do mesmo tema, embora com opiniões divergentes, expressas no primeiro texto por meio da ficção e, no segundo, por meio de uma análise sociológica.
b) Foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralista em defesa de uma mesma tese: a literatura, muitas vezes, é nociva à formação do jovem estudante.
c) São utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que apresentam um mesmo ponto de vista:  a literatura deixa ver o que se pretende esconder.
d) A linguagem figurada é predominante em ambos, embora o primeiro seja uma fábula e o segundo um texto científico.
e) O tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos os textos, em que se defende o caráter pedagógico da literatura.

3.Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor e o seu direito que de mim procede.
                                                                       Isaías 54, 17

A função que vemos no texto acima é:

a) Cognitiva
b) Lúdica.
c) Sinfônica
d) Catártica
e) Social.

4.(ENEM – MEC)

Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo.Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

                 Pessoa, Fernando. Poemas escolhidos.

Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX.sua obsessão pelo fazer poético não encontrou limites.Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida.Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente.Com base no texto e na temática do poema “Isto”, conclui-se que o autor:

a)Revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto.
b) Considera fundamental para a poesia a influência dos fatos sociais.
c) Associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta.
d) Apresenta a concepção do romantismo quanto à expressão da voz do poeta.
e) Separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu – lírico.

5. Quanto a forma de um texto, sabemos que o SONETO é uma das formas poéticas mais tradicionais e difundidas nas literaturas ocidentais e expressa, quase sempre, conteúdo:

a) Dramático
b) Satírico
c) Lírico
d) Épico
e) Cronístico
6. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo?

a) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.
b) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e música.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.


7. Assinale a afirmação falsa sobre as cantigas de escárnio e mal dizer:

a) Os alvos prediletos das cantigas satíricas eram os comportamentos sexuais (homossexualidade, adultério,  padres e freiras libidinosos), as mulheres (soldadeiras, prostitutas, alcoviteiras e dissimuladas), os  próprios poetas (trovadores e jograis eram freqüentemente ridicularizados), a avareza, a corrupção e a  própria arte de trovar.
b) As cantigas satíricas perfazem cerca de uma quarta parte da poesia contida nos cancioneiros galego-  portugueses. Isso revela que a liberdade da linguagem e a ausência de preconceito ou censura  (institucional, estética ou pessoal) eram componentes da vida literária no período trovadoresco, antes de a repressão inquisitorial atirá-las à clandestinidade.
c) A principal diferença entre as duas modalidades satíricas está na identificação ou não da pessoa atingida.
d) Algumas composições satíricas do Cancioneiro Geral e algumas cenas dos autos gilvicentinos revelam a obrevivência, já bastante atenuada, da linguagem livre e da violência verbal dos antigos trovadores.
e) O elemento das cantigas de escárnio não é temático, nem está na condição de se omitir a identidade do  ofendido. A distinção está no retórico do “equívoco”, da ambigüidade e da ironia, ausentes na cantiga de  maldizer.

8. Uma das afirmações é correta:

a) As cantigas de amigo eram compostas por mulheres.
b) Cancioneiros eram intérpretes das cantigas.
c) O intérprete era sempre o próprio compositor da cantiga.
d) Na cantiga de escárnio, a crítica é encoberta.
e) As cantigas não eram acompanhadas ao som da harpa.

9. Qual o texto que deu origem ‘a Literatura Portuguesa?

a) Cantiga de Queredes – por Paio Soares de Taveirós
b) Cantiga de Bonevax – por Martim Codax
c) Cantiga de Guarvaya -  por Spina Guilhade
d) Cantiga Loaçon -  por D. Diniz
e) Cantiga da Ribeirinha – por Paio Soares de Taveirós

10. Amor, desamor e ciúme; frequentemente inspiração na vida popular, bem como a exploração do eu feminino indicam cantigas de:

a) Amigo
b) Amor e amigo
c) Escárnio
d) Amor
e) Maldizer.




Gabarito

  1. B
  2. C
  3. D
  4. E
  5. C
  6. B
  7. C
  8. D
  9. E
  10. A





Procura-se uma mosca verde.

_ Cara, você não imagina quem encontrei ontem?
_Não faço a menor idéia!!!
_ O Mosca!
_ Mosca? Não estou lembrando!
_ Aquele que era chefe do almoxarifado!
_ Ah!Agora lembrei -  me , aquele que pirou depois de uma viagem?
_ Esse mesmo, mas não sabia que a ‘piração’ tinha sido depois de uma viagem?
_ A história aconteceu assim...
_ O Antônio, que agora é o chefe, encontrou no jornal uma promoção para uma viagem e mostrou pro Mosca, e ele louco pra fugir de casa e dos problemas aceitou na hora!
_ Que problemas um cara daquele podia ter?
_ E tinha! Parece que a esposa dele era daquelas chatas que manipulava o homem, e tinha os filhos que só sugavam o coitado!Apesar da filha dele mais velha ser uma gata! Mas não valia nada...
_ Bem, então eles resolveram ir para esta viagem, o país escolhido foi a Índia. Chegando lá o cara quase pirou com tanto colorido, tantos cheiros diferentes, que voltando para ao Brasil, pra sua vidinha ‘cinza’ como ele mesmo dizia, não agüentou mais, pediu demissão do emprego, deixou a mulher e os filhos e voltou pra Índia!
_ Não acredito! Ele era todo certinho! E quando eu o encontrei quase nem o reconheci, parecia um ‘hippye’ dos anos 70, todo malucão, por isto te disse que ele tinha pirado.Mas me explica o porque do apelido,  Mosca?
_ Parece que quase tudo o que ele comprava  lá pra comer, vinha com uma mosca verde dentro! Diz que na primeira vez ele tirou a mosca de dentro, mas nas outras vezes, ele comia com mosca e tudo.
_ Agora eu entendo, mas o cara ter pirado por isso, é outra coisa.
_ A ‘piração’ foi que ele estava cansado da vida que levava, largou tudo , viveu um ano na Índia e voltou pra cá, montou uma loja de produtos indianos e está aí, melhor que nós dois juntos, feliz da vida.
Os dois por alguns momentos ficaram pensativos, pensando em suas próprias vidas...
_ É cara, acho que preciso comer algumas moscas verdes também!
_ E eu, preciso de muitas!
_ Até logo!
_ Te vejo no trabalho.

                                                       Elis Jans
Estarei postando uma série de crônicas e contos...esperam que curtam.

A segunda mordida.

 A viagem fora programada a meses e ele imaginara diversas vezes como ela seria, mas não fazia a menor ideia de que as sensações despertas seriam tão intensas, que todos os seus sentidos, cada centímetro de seu corpo ficaria extasiado diante de tudo o que via e sentia.
O lugar tinha uma profusão de cores, sabores e odores, não sabia muito bem para onde olhar, todo aquele colorido era demais para seus olhos e todos aqueles cheiros faziam com que sua mente, por breve momento ficasse atordoada, mas ao mesmo tempo querendo provar cada um deles. Os cheiros se misturavam ao ar, um leve cheiro de canela e cravo, ao mesmo tempo se juntavam ao de peixe; e ao excremento de animais, chegava a ser enjoativo, mas também excitante.
O som de uma música distante fazia com que seu coração acelerasse a cada acorde escutado, como se fosse o bater de um tambor que revelaria o que viria a seguir. Todo aquele linguajar estranho, não sabia muito bem qual idioma estavam falando, hurdu ou hindi, pois era uma mistura muito grande de sons.
Sua primeira viagem ao exterior; e tinha escolhido justamente um país exótico como este, que pudesse despertar todo seu desejo adormecido a tempos, pela rotina que tinha todos os dias.De casa para o trabalho, do trabalho para a casa, o resmungo da mulher, o choro dos filhos, a reclamação da filha mais velha que sempre queria mais.Ele estava em seu limite, então quando seu amigo viu a promoção da viagem no jornal e o convidou, não pensou duas vezes, decidiu em segundos, assim poderia deixar por momentos sua vida cinza e inodora.O problema seria comunicar a esposa, que reclamaria por meses! Diria que o dinheiro poderia ser usado na reforma da casa, que poderiam colocar o filho do meio numa escola melhor etc, etc.
_ João? João?
A voz de seu amigo Antônio parecia vir a quilômetros de distância, mas não, ele estava ali, bem ao seu lado!
_ Me desculpe, eu não estava prestando atenção, o que você disse?
_ Disse que precisamos voltar ao hotel, ou perderemos a hora do jantar!
_ Jantar? Mas não podemos comer algo aqui neste mercado?
_ Você ficou louco? Tudo aqui está muito exposto, olhe só os peixes cheios de moscas!
_ Não sei você, mas se eu não comer algo aqui, me arrependerei pelo resto da vida! Sinta só todo este cheiro? Dá vontade de “avançar” em cada tacho!
_ Tudo bem, mas não vou me arriscar, ficarei apenas te observando.
Na primeira “barraca” que passaram, ele pediu algo que não tinha bem certeza do que era, parecia um bolinho feito com lentilhas ou algo parecido, seu sabor era único, apimentado, com um leve sabor de cominho, não conseguiu definir, continuou mastigando, mas logo na segunda mordida...enxergou uma mosca verde enorme, misturada a massa.Não sabia o que fazer, se cuspia todo o conteúdo , ou se dava um empurrão em seu amigo que não parava de rir!
Resolveu fazer o menos provável, retirou parte do conteúdo onde se encontrava a
mosca e comeu todo o resto, com um pouco de nojo, mas não daria essa satisfação
ao  amigo, de que ele estivera errado ao pedir algo para comer no mercado.
Este dia era apenas o começo de uma aventura que o levaria a encontrar-se, ou simplesmente fugir de sua rotina e não seria uma mosca verde que tiraria seu ânimo para enfrentar esta aventura, que viessem outras moscas, ele as comeria com prazer!
Após esta experiência no mercado, voltaram ao hotel para o jantar e descansarem um pouco.
O ânimo continuava...
Na manhã seguinte saíram a procura de mais aventuras, que seria feita em cima de um pequeno carro, que mais parecia um carro de brinquedo, um daqueles que seu filho mais novo tinha ganho no Natal.
Sentia-se um novo homem...
                                                                                                      Elis Jans